🎣🌑 No coração do Mato Grosso, uma pescaria que começou com fartura terminou em desespero quando os pescadores ultrapassaram os limites da natureza.
Dizem que o Rio das Almas, encravado entre as matas fechadas do Mato Grosso, guarda mais do que peixes — guarda também espíritos antigos que protegem a floresta. E naquela manhã abafada de outubro, quatro amigos estavam prestes a descobrir isso da pior forma.
Com iscas vivas, redes e um motor barulhento, os homens começaram a pescaria sem medir consequências. A cada lance de rede, tiravam pacus, pintados, jaús... e jogavam muitos de volta, já mortos, por “não serem grandes o bastante”. Riam alto, tomavam cerveja, e zombavam das superstições locais.
De repente, o motor da canoa morreu. Luz nenhuma acendia. Um dos pescadores tentou remar de volta, mas o rio parecia não acabar. E então o viram: um ser de cabelos vermelhos como brasa, com os pés virados para trás, parado na margem, olhando direto para eles.
O mais novo gritou, caiu na água e sumiu. Os outros começaram a rezar, tremendo. O Curupira não moveu um músculo, mas o ar ficou mais denso, como se a mata os engolisse. Quando finalmente amanheceu, estavam à deriva, exaustos, e a canoa — vazia. Nenhum peixe restava. O pescador que caiu na água foi encotrado mais abaixo no rio se segurando em uma galhada, não sabia como chegou lá!
Até hoje, o Rio das Almas parece observar quem se aproxima com ganância. Os pescadores? Nunca mais voltaram. E contam que, à noite, ainda se ouve um assobio curto... vindo do mato.